Ganhamos no mês passado um novo representante da Igreja Católica, o argentino e cardeal jesuíta Jorge Mario Bergoglio, 76 anos, que será chamado por Papa Francisco I. Vendo as imagens na televisão fui sondar o que a terra do novo papa poderia nos oferecer para esse período em matéria de vinhos. E pesquisando me deparei com uma uva, pouco conhecida e que vem ganhando fãs e adeptos. A Uva Bonarda. Normalmente é destinada a vinhos mais baratos na Argentina porém com alto custo-benefício.
Como estávamos no Empório Santa Therezinha perguntamos ao sommelier se ele tinha a Uva Bonarda em sua carta, e não é que tinha? Estava meio escondida na segunda prateleira, mas de fácil acesso. Me confidenciou que a procura é pequena mas ressaltou a importãncia do vinho.
Conferimos um Zuccardi, da região de Mendoza , de 2009. Sai a R$ 64.90 mas me recordo até hoje de seu frescor, da sua suavidade e simplicidade. Atualmente, inúmeros produtores argentinos trabalham com essa uva e seus vinhos já chegam ao Brasil. Sabe-se que a Bonarda chegou à Argentina com os primeiros imigrantes europeus, no final do século XIX. Lentamente, adaptou- se às condições locais, por meio de uma seleção natural de clones no campo, ajudada pelo fato de não ser particularmente sensível a nenhuma enfermidade. Depois da Malbec, com 19 mil hectares de vinhas, vem a Bonarda, com 16 mil hectares, dos quais 9 mil são plantados nas planícies quentes do Leste de Mendoza, nos arredores de San Martin, Junin, Rivadavia e Santa Rosa, longe dos ventos frios da Cordilheira dos Andes. Alguns produtores enfrentam o desafio de elaborar um bom vinho de Bonarda, e vários desses vinhos estão disponíveis em importadoras brasileiras. São vinhos marcados por frescor, acidez vibrante, fruta fresca e taninos suaves. Por um preço bastante acessível, constituem uma excelente relação entre qualidade e preço e, na Argentina, diz-se que são um revigorante para a alma, combatendo tristezas e saudade.
Mas é preciso ter muito cuidado porque essa uva é geralmente usada para vinhos de baixo padrão; para serem vendidos nos supermercados, uma espécie do nosso famoso “Sangue de Boi”. Na adega do Empório, encontrei outros desta que é uma bodega familiar com origem em 1963 e hoje dirigida por Jose Alberto Zuccardi, filho do fundador Alberto V. Zuccardi. Seu vinho Q Tempranillo tem coloração vermelho profundo com nuances de negro. Oferece intenso aroma de frutas negras maduras como ameixa, figo, marmelo e notas de especiarias. Na boca é elegante, com taninos macios, complexo e bem balanceado. Final longo e sedoso. Fia dica. Provem e depois me digam o que acharam pelo jornaldorecreio@gmail.com sob assunto DEGUSTANDO A VIDA