Delegada da 42ªDP fala dos 4 meses no Recreio

Matérias - abril de 2017

São 34 anos de polícia e passagens por diversas delegacias pelo Estado. A frente da 42 ª DP do Recreio a delegada Márcia Julião recebeu o JORNAL DO RECREIO para uma conversa sobre o balanço de seu trabalho. A voz rouca e a primeira aparência de durona se desfazem diante das primeiras palavras, já que é extremamente simpática e afável. Soberana em tudo que fala Márcia Julião destacou a interação entre o comandante do 31 º , Sérgio Schalioni e o delegado da 16 º DP Marcus Braga para o sucesso na diminuição dos índices de criminalidade. Moradora da região há mais de 10 anos destaca pontos positivos e negativos por conhecer in loco as mazelas do bairro:
1) Morar aqui é vantagem?
R: Sim, porque frequento aqui e conheço cada canto. O ruim é o lado particular que perdi. Evito restaurantes e locais públicos para evitar comentários negativos. Imagine eu estar num bar com minha família e um cara na outra mesa falar ‘Olha lá a delegada enchendo a cara’, não pega bem né? A gente vira meio que exemplo para a sociedade.
2)Nesses 4 meses qual balanço que a senhora faz do seu trabalho?
R: Quando a gente é delegada de uma região tem uma percepção. E quando é moradora, tem uma outra diferente. Tem noção do que aborrece o bairro, o que causa a sensação de insegurança na vizinhança. Me assustei com a violência doméstica. Tanto que botei duas agentes só para atender esses casos. Claro que as treinei. E como não temos uma Deam aqui – Delegacia de Atendimento à Mulher -, esse primeiro contato é imprescindível na apuração dos fatos.
3) Mas isso não é um reflexo em todo país, a violência à mulher?
R: Bom, essa discussão mais ampla não quero entrar. Eu vim da 41 ª(Tanque) e lá tinha Deam. Assim não ficava a par dos casos. Em Bangu, não era tão grande, nem mesmo Marechal Hermes e Ricardo por onde passei. Mas tem muita violência nas Vargens envolvendo a mulher.
4) Voltando aquela história do que incomoda o morador...
R: Então, passamos a monitorar os roubos e furtos de veículos e a transeuntes com mais atenção. Mesmo em estado de greve a gente tem conseguido enxugar a carga dos inquéritos dos procedimentos antigos.

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5) O bairro sofreu um grande impacto com abertura do túnel da Grota Funda e agora com a Transolímpica outro corredor enorme de fluxo de pessoas criou-se. É mais uma rota para os bandidos, um ‘mercado novo’ para eles digamos assim. Como a Sra enxerga isso?
R: Olha, claro que tem impacto negativo, sim. Mas o que a gente tem feito é monitorar os pontos onde há incidência maior e junto com a polícia militar procurar prevenir o crime nessas áreas. A nossa relação com a policia é excelente, tanto que temos um grupo no whats app. Aconteceu a gente logo se fala’, ‘Tá sabendo disso, viu essa ocorrência?’, e por aí vai.
6) Eu percebo policiais nas ruas, motos e até de bicicletas, mas nas redes sociais a impressão que se tem é outra. A sensação de insegurança não é maior para quem não sai de casa e fica atrás de uma tela?
R: A rede social maximiza. Uma vez , tinha uma blitz na entrada do túnel da Grota Funda. O camarada deveria estar com os documentos atrasados e deu meia volta na contra mão mesmo. Acharam que era arrastão , bandido. Isso ficou enorme no facebook.


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