O retorno da Chikungunya

Matérias - Qualidade de Vida - abril de 2019

Há cerca de 3 anos, o Rio e o Nordeste do país foram avassalados por uma epidemia de uma virose então pouco conhecida, a Chikungunya. Depois a doença se espalhou pelo país, em associação à Dengue e Zika, que tem em comum, serem transmitidas pelo mesmo mosquito, Aedes Aegyptii. O problema é que este mosquito é quase que um bichinho de estimação, pois suas larvas são encontradas em quase todos os domicílios brasileiros. Não só nos vasos de plantas e caixas d’agua, mas também na base de bebedouros e ralos de banheiros e cozinhas, locais que quase nunca nos lembramos de procurá- los.


A Chikungunya, assim como a dengue e a Zika, são classificadas como arboviroses, ou seja, viroses transmitidas por artrópodes, no caso os mosquitos. Encontraram no Brasil o meio ambiente ideal para sua disseminação, pelo calor, o que leva as pessoas a estarem com partes do corpo sempre amostra pelo uso de roupas curtas, como camiseta e shorts, grandes aglomerados urbanos e muita água limpa. Os sintomas destas três doenças são muito semelhantes na fase inicial: febre alta, dor de cabeça e dor intensa no corpo, que duram de 3 a 4 dias e após aparece o vermelhão no corpo, acompanhado de coceira. Nestes primeiros dias não há como distinguir uma da outra. Na Dengue contudo, a dor de cabeça pode ser muito mais intensa acompanhada de dores MUSCULARES, ao passo que na Chikungunya, o sintoma mais importante é a inflamação das articulações, principalmente mãos e pés que incham

e incapacitam o paciente de se mexer. A Zika por outro lado costuma ser mais branda, e resolve mais rapidamente, porem ele já tem atração não pelas células do sangue como a Dengue, ou pelas células das articulações como a Chikungunya, mas pelas células nervosas, podendo evoluir com graves complicações, mais ainda para os fetos. A Dengue e a Zika resolvem no período máximo de um mês, porem estamos observando que a Chikungunya tem uma tendência a cronificação. Pode apresentar sintomas articulares até 3 meses, e em alguns casos mais infrequentes, ela tem sido capaz de induzir o aparecimento de doenças de autoimunidade legítimas, como a Artrite reumatoide, Lupus e outras. Todos os pacientes que mantem os sintomas após um mês devem consultar um reumatologista para que seja feito o acompanhamento adequado e instituído o tratamento caso a caso. Já sabemos quais os pacientes tenderão a ter mais complicações da doença, como as mulheres acima de 40 anos, os idosos acima de 65 anos, os diabéticos e portadores de insuficiência renal crônica, e todos os pacientes que já tinham doenças reumatológicas prévias. Se este for o seu caso, agende uma consulta com o especialista.
A melhor abordagem da doença contudo é a prevenção. Mosquito não!
selmamerenlender@gmail.com


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