‘Eles são discretos e silenciosos / Moram bem longe dos homens / Escolhem com carinho a hora e o tempo do seu precioso trabalho/São pacientes, assíduos e perseverantes/
Executam
Segundo as regras herméticas
Desde a trituração, a fixação
A destilação e a coagulação ‘, já dizia a letra de Jorge Benjor. Podemos assim dizer, que os alquimistas já chegaram.
Enquanto muitos brasileiros querem morar fora , tem gente que quer fincar suas raízes por aqui. O encontro de um arquiteto italiano e um artista plástico brasileiro, ambos apaixonados por gin, rendeu além de uma amizade, bons lucros e um prêmio: O melhor gin artesanal do mundo em Londres (World Gin Wards), em 2018.
O carnaval é um período estratégico para as empresas de bebidas, que agora estão ampliando sua gama de produtos para agradar a diferentes públicos. Uma aposta são os drinques prontos, um dos segmentos que mais crescem no Brasil. A Ammázzoni surgiu com um dry gin com sabores da Amazônia, entre os 11 botânicos, que hoje é produzido em uma antiga destilaria de cachaça perto do Rio de Janeiro que ganhou o primeiro alambique de gin do Brasil. “A fazenda que já teve uma produção de cachaça era perfeita para a gente: tinha a infraestrutura e a água necessária. Desenhamos, então, o alambique que foi feito sob medida e cuidamos pessoalmente de toda a produção até hoje”, explica Arturo. E agora, aproveitam o clima quente e lançam a bebida já pronta para consumo.
“Quando cheguei há dez anos senti falta de um destilado que não fosse da cachaça e aí comecei junto com meu sócio a desenvolver algo artesanal 100% brasileiro, até o alambique. Depois de lançado o produto sentimos que faltava algo mais prático, para aqueles que precisassem só gelar o produto e colocar no copo, daí veio a ideia de lançar em lata, a cara do brasileiro. Essa produção é limitada em 50 mil latinhas e são destinadas para eventos que não conseguem ter suporte de bar” explica Arturo.
O Amázzoni (no Supermercados Zona Sul está a R$ 93,30) lança uma versão mais forte: Rio Negro. Ele tem um teor alcoólico maior, de 51% (o tradicional tem 44%) e uma garrafa preta diferente. Antes mesmo de entrar no mercado, já abocanhou seu primeiro prêmio, a Double Gold Medal, da San Francisco Spirit Awards.
Enquanto o gin Amázzoni tradicional leva três horas e meia para ser elaborado, o Rio Negro fica mais uma hora e meia no alambique com a adição de mais ingredientes. É essa dupla técnica de produção que potencializa o teor da bebida.
O processo de destilação começa com a adição de água ao álcool de cereal (e não cana de açúcar como na cachaça ou rum!) até que a relação entre os dois, chamada de ABV (alcohol by volume), chegue entre 30 e 50%. Em seguida, esse líquido é bombeado para o tonel do alambique.
Essencialmente brasileiro, o Amázzoni traz também essências tipicamente tupiniquim: “Colocamos o maxixe no lugar do tradicional pepino, adicionamos cacau e castanha do Pará – cujo óleo facilita beber o Amázzoni gim puro”, explica Arturo. Outros sabores para identificar: pimenta rosa, cipó-cravo, louro, casca de mexerica e semente de vitória-régia.
Mas o segredo do sucesso vai muito além da fórmula mágica: No alambique, a produção de gin é separada em três partes. A primeira e a última parte se chamam “cabeça” e “cauda”. Elas podem ser reutilizadas, mas não entram na garrafa de uma bebida refinada…contém muito álcool e podem dar uma dor de cabeça traumatizante! A parte mais valiosa se chama “coração” – a percentagem coletada depois do “corte” da cabeça. Ao fazer o Amázzoni, Arturo e Alexandre “cortam” uma cabeça quatro vezes maior do que o indicado pelas leis e um rabo também maior. E aí, tá esperando o quê para sair da mesmice e consumir algo pela marca e propaganda e parta para algo com valor e orgânico! Viva os alquimistas que já chegaram. No Brewteco da Barra da Tijuca ( 3986-1012 ) Av. Olegário Maciel, 231 , tem uma farta carta de drinques com a bebida brasileira.
Por Guilherme Pereira jornaldorecreio@gmail.com