Raiva, doença letal, está de volta?

Matérias - Qualidade de Vida - julho de 2019
A Subsecretaria de Vigilância, Fiscalização Sanitária e Controle de Zoonoses (Subvisa) emitiu uma nota em 21 de junho de 2019, para esclarecer sobre uma suposta epidemia de raiva no Rio de Janeiro. Ocorreram cinco casos verificados esse ano em morcegos na região metropolitana do Rio de janeiro, e que o número está dentro do previsível sendo o risco de transmissão dessa espécie para o homem é baixo, pois não foram identificados casos entre morcegos hematófagos e sim silvícolas. A circulação viral identificada em morcegos no Rio faz parte do ciclo silvestre presente em muitas outras cidades do Brasil. A doença - que tem o cão e o gato como principais transmissores - está sob controle em todo o município, onde o último caso registrado em humanos foi há 33 anos (1986), e em cães e gatos, há 24 anos (1995). (1) No início de janeiro de 2019, ocorreu um alerta por um caso de mordedura acidental de morcego em uma paciente na Zona Norte do Rio de Janeiro, tendo a mesma sido submetida ao tratamento adequado. Parece que a mordedura foi acidental, quando o morcego se encontrava acuado, e não como o repasto habitual, como o morcego hematófago faz em mamíferos de grande porte, como gado, cavalos, ou em animais domésticos, como cães e gatos, e estes seguem o ciclo mordendo e arranhando uns aos outros, e eventualmente os humanos. A doença em humanos é letal em 99 por cento dos casos, só existindo na literatura médica brasileira um único caso relatado de sobrevivência. A transmissão entre humanos, seja por mordedura, seja por arranhadura, não foi relatada até o presente. A raiva é ocasionada por um vírus, de alta infectividade, que tem preferência pelo sistema nervoso, e pode levar ao coma e óbito em menos de uma semana. Só é transmitida por inoculação, nunca por saliva como beijo e copos, ou contato externo. Os sintomas iniciais são febre, dor de cabeça, intensa irritabilidade, dificuldade de receber luz (fotofobia), náuseas, vômitos, sonolência até o coma, e morte. Caso ocorra uma

mordedura por qualquer animal de sangue quente, em especial os mamíferos, é imperativo que procure assistência médica de imediato, para que sejam prestados os cuidados com a vacina e o soro antirrábico, que são a única forma de tratamento. Estão disponíveis 24 horas em qualquer serviço de emergência hospitalar pública, como o Hospital Lourenço Jorge, e alguns hospitais privados e clínicas de vacinação. O tempo do tratamento dependerá do local e da gravidade da mordedura. As que ocorrem em face, mãos e pés são mais graves, pois o número de terminações nervosas nestes locais é muito maior que em outras regiões. Outra medida importante é não matar o animal, e sim colocá-lo em observação em isolamento, caso isto seja possível. É importantíssimo observar se o animal irá desenvolver os sintomas de Raiva, que será determinante da duração do tratamento no humano. Só para lembrar que vale a pena vacinar para tétano também na ocasião, e sempre lavar abundantemente a ferida, com água corrente e sabão neutro, mesmo antes de procurar o médico, pois as mordeduras de animais contêm as salivas dos mesmos, que são ricas em bactérias, e com frequência são complicadas por infecção. Então, caso seja mordido, lembrar de não matar o animal, lavar com água e sabão, e procurar assistência médica imediatamente, não deixar para depois. E não esquecer de vacinar anualmente os animais domésticos. Estas medidas podem salvar vidas. (1) Boletim epidemiológico da SMS, 21 de junho de 2019. Dra.selma.reumato@centrofluminense.com.br


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