A atitude é nobre e quase solitária. O chef Romano Fontanive trabalhou por muitos anos na Europa e decidiu fincar raízes novamente no Brasil em 2009 e abriu o seu restaurante Gabbiano no Barra Garden. Nas suas idas ao Ceasa onde costuma comprar insumos para sua cozinha percebia que o descarte no mercado era muito grande e passou a fotografar o desperdício e mostrar na sua rede social. Uma vez uma jornalista pediu para que ele fizesse umas compotas para o supermercado Zona Sul onde faria uma matéria sobre reutilização dos alimentos em compotas de morango e carambola e essas foram as frutas sugeridas na época para a matéria.
Resultado: tomou gosto pelo ofício e passou a agir sozinho e desde então deixa compotas em seu restaurante para as pessoas levarem para a casa gratuitamente e, caso queiram, deixam uma doação para que seja revertido a duas ONGs que o Chef ajuda. A onda de doação dos potes pegou entre os frequentadores. Muitas vezes os clientes entram no restaurante com potes de azeitona, palmito transformando numa onda do bem.
Aí surgiu o Projeto ‘CINQUE COMPOTAS GABBIANO’ onde reutiliza sobras de alimentos do restaurante no Barra Garden para alimentar outras pessoas. Cinque , cindo em francês, é uma homenagem a sua esposa, filhas e cachorras da família. O chef recupera a comida, higieniza e transforma todo esse “lixo” em deliciosos molhos e compotas. Tudo feito com muito amor e com a qualidade do seu trabalho. Para isto ele está recolhendo potes de vidro com tampa metálica de qualquer tamanho, que serão aproveitados nesse ação cheia de amor. Interessados em contribuir poderão levar até o restaurante, ou ligar para que alguém recolha. A renda do projeto é revertida para ONGs infantis e de animais da cidade do Rio. Informações pelo telefone: 3153-5529
O Gabbiano fica na Av. das Américas, 3255 – Loja 142 | Shopping Barra Garden, Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro 22640-100, Brasil Tel.: 3153-5529. Dom, das 12h às 20h; 2ª a 5ª, das 12h à meia-noite; 6ª e sábado, das 12h à 1h.
Conversamos com o Chef, fala Gabbiano!!
1) Como surgiu a ideia e a quanto tempo existe o projeto?
R: O projeto já existe desde 2009, em meu restaurante na Europa. Quando retornei para o Brasil, no final do ano de 2011, como de costume, eu mesmo sempre faço as compras do restaurante. Ia ao Ceasa, mercados, compra direta com produtores. Deparei-me com o grande desperdício de alimentos. Daí comecei a fotografar, colocando em minhas redes sociais. Até então, eu só fotografava. Um dia a jornalista, Maria Helena Steban, fez contato perguntando se poderíamos fazer uma matéria para os supermercados Zona Sul, abordando sobre o desperdício do mesmo, que na época era morango, carambola, entre outros. Fizemos algumas compotas para a matéria, e desde então, eu comecei a fazer por conta própria, recolhendo do Ceasa as ‘xepas’ de fim de tarde, comprando mercadoria que iriam ser descartadas. Além de ganhar produtos dos fornecedores. Assim começou o projeto que demos o nome de “Cinque”. A produção das compotas eram criadas com o que arrecadávamos.
O nome é uma homenagem aos membros de minha família. Somos cinco: Eu, minha esposa Mell, nossa filha Aurora e nossas duas cachorras ‘Trufa’ e’ Cacau’. A identidade visual também teve um grande significado pra mim. É a palma da mão de minha filha Aurora.
2) As compotas são vendidas apenas no restaurante? Como é a aceitação dos clientes? Pensa em aumentar os pontos de vendas das compotas?
R: As compotas não estão à venda. Elas são colocadas no restaurante para que os clientes as levem para suas casas sem custo algum. Todos são convidados a contribuir com a causa de forma voluntária.
A ideia se tornou uma onda do bem, pois os clientes já aderiram à causa e quando vão ao restaurante, levam seus vidros vazios, recebem compotas, contribuem, e assim se tornou um projeto sustentável. Reciclamos comidas aptas para o consumo, que iriam ser jogada fora. Reciclamos os vidros, que um dia foram potes de palmito, azeitona, entre outros e damos vida. É um pequeno projeto, que se crescer, pode agregar muito ao meio ambiente, as pessoas e animais que precisam.
Quem sabe num futuro próximo possamos levar o projeto para outros lugares, criando nossa própria ONG auto sustentável. Seria a realização de um sonho.
3) Tem sabores específicos?
R: Os sabores são conforme o que resgatamos no aproveitamento dos alimentos desperdiçados, como: geléia de melão, molho de tomate, cebola roxa caramelizada. Depende muito do que encontramos no mercado. Já fiz testes com refeições também, tipo um risoto de camarão, ravioli recheado de burrata, feijoada. Deu super certo. No vidro se conservaram bastante tempo sem perder qualidade.
4) Qual /quais as ONG você ajuda?
R: Não tenho nenhuma fixa. Costumo ajudar mensalmente a ONG Instituto Casa Viva, na Sulacap. Agora temos diversificado, mas, sempre pesquisamos bem antes de ajudar.
Dentre as instituições que ajudamos, estão:
Instituto Amparando Jardim Gramacho
ONG Associação Limeirense de Proteção aos Animais
Instagram @alpalimeira
Sao Paulo – Limeira
5) Algo mais que gostaria de ressaltar sobre o projeto?
R: Este projeto é bem amador ainda. Claro, faltam muitos detalhes para que possa virar algo grande e construtivo. É um projeto pequeno, estamos engatinhando. Mas só de saber que fizemos a diferença na vida de um ser humano ou de um animal, já valem à pena.
