Há pouco mais de um ano os motoristas do Recreio não corriam o risco de serem parados nas Blitzes da Lei Seca pelo bairro. Vários bares e restaurantes foram inaugurados e com eles, as barreiras chegaram. Primeiro, na Baltasar da Silveira, em frente ao Barra World, depois, na descida do Viaduto Orlando Raso, quase chegando aos Condomínios Pontões e Barra Sul . No fim do mês passado, uma blitz foi montada próximo à Benvindo de Novaes, em frente ao Posto Ipiranga, pista lateral e na Avenida do Contorno, saindo da Reserva. Nesta, participamos quase que a madrugada inteira e acompanhamos o trabalho de uma equipe com cerca de 20 profissionais, sendo 4 policiais militares(um oficial) na abordagem, uma ou duas viaturas da Polícia Militar, 3 do Detran, 6 a 8 da Secretaria de Governo e dois reboques.
O trabalho começa cedo. Por volta das 22 H e a equipe vai chegando aos poucos. O local de encontro foi o 31 Batalhão, mas não é regra. Pode ser na Delegacia do bairro o encontro. O comboio vai se formando aos poucos e a estratégia e local já vem definidos pela Secretaria através de estudos organizados pelo Major Marcos. No dia, fomos acompanhados pelo Coordenador, Sebastião Gonçalves e pelo Capitão Bezerra. Entre a colocação das demarcações com cones, balão informativo, posicionamento das viaturas e montagem da tenda, não passam de 20 minutos. É muito rápido e automático. Quando se iniciam as abordagens, o trânsito diminui e os testes são realizados.
Nas primeiras duas horas, a maioria é de jovens que para surpresa de nossa equipe estava de cinto e sem ingerir álcool. Mas quando alcançamos as 3 da madrugada é que começaram as primeiras recusas e os veículos irregulares começam a serem rebocados. Vale lembrar que a situação do veículo também é verificada. O ator Alexandre Slaviero foi um dos que se recusaram a fazer o teste. Sua carteira foi apreendida, mas seu veículo um Mitsubishi branco ASX não foi rebocado por que um senhor se prontificou a conduzi-lo. Aliás, existe um mercado informal para a condução dos veículos de quem perdeu a carteira. Taxistas ficam a espreita e escolhem quem quer abordar. Pode ser uma simples corrida para o bairro ou o oferecimento para a condução do carro, por R$ 100 ou mais. Já o motorista do FOX preto, placa KOO 7375 não teve a mesma sorte. Seu teste acusou 0.37 mg de álcool por litro e segundo a Lei 11.705, de 19 de junho de 2008. Art. 165, dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência é infração gravíssima com multa de R$ 957,70 e suspensão do direito de dirigir por 12 meses. O veículo é retido até a apresentação de um condutor habilitado e recolhimento do documento de habilitação.
No site da Polícia Rodoviária Federal consta que na lei quem for flagrado sob efeito de álcool acima de 0,30 mg comete também crime de trânsito, pelo artigo 306 do CTB, que prevê penas de detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Foi o que aconteceu com Marcus Vinicius Regassi. Uma outra viatura o conduziu para delegacia e foi preso. Não acompanhamos o caso, mas em geral, é estipulada uma fiança. Caso não pague de imediato , é encaminhado a carceragem e 24 horas depois, para a Polinter. A multa varia de 1 a 100 salários mínimos, dependendo da gravidade ou do humor do Delegado na ocasião. Os motoristas em geral apóiam a operação.
__”Eu não ligo. Tenho 70 anos e não bebo. Sou médico e sei a gravidade de se dirigir embriagado por que já presenciei nas emergências vários acidentes”, comentou Carlos Galhardo que fez o teste.
Já para Julia Ferreira, de 21 anos a opinião é parecida mas só ressaltou que nem sempre os profissionais são educados. Não foi o que vimos. Após o avanço na madrugada e com motoristas sob efeito de álcool, os ânimos ficam exaltados . A motorista Mariana, que não quis dar o sobrenome, de 27 anos, perdeu a carteira e ainda teve o veículo rebocado, um FOX preto, placa KXO 2958, por não portar o documento correto e do ano vigente. Reclamou e voltou de táxi.
Até o momento em que permanecemos na operação, 72 veículos haviam sido abordados em 3 horas, com 11 recusas, 4 veículos rebocados e 1 caso encaminhado à delegacia por estar acima do permitido o limite de álcool no sangue. O saldo é positivo e se reflete nos números. Tanto o Recreio como a Barra eram palco de acidentes cinematográficos e, na maioria, com vítimas fatais. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Governo, a Operação LeiSeca tem campanha educativa e de fiscalização, de caráter permanente, lançada em março de 2009, e que desde Outubro de 2011 até a madrugada de quinta-feira (25/10/2012), 349.125 motoristas foram abordados, 73.435 foram multados, 11.642 veículos foram rebocados e 31.471 motoristas tiveram a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) recolhida. Nesse período, os agentes realizaram 280.260 testes com o etilômetro. Números expressivos não?