Há estudos que apontam que os pães começaram a ser produzidos há aproximadamente seis mil anos, na região da Mesopotâmia, onde hoje está situado o Iraque, e foram difundidos por várias civilizações da Antiguidade. Esse pão era resultado de uma mistura seca, dura e amarga feita à base de farinha de trigo. A origem do pão está intimamente ligada ao processo de sedentarização do homem, quando se iniciou o desenvolvimento da agricultura, sendo o trigo um dos cereais resultantes dessa atividade produtiva.
Por aqui, um casal resolveu apostar no resgate dos métodos originais de produção, sem adição de qualquer tipo de conservantes e abriram há sete meses a Artesanos Bakery padaria artesanal que tem na técnica milenar da fermentação natural a sua principal bandeira.
Ricardo Rocha e sua esposa, a advogada Mariana Massena, descobriram a paixão em comum pela arte da panificação após alguns insucessos em negócios anteriores.
– Descobrimos a fermentação natural e a busca pelo pão perfeito virou nossa obsessão. Começamos as vendas pela internet e, de repente, não estávamos dando conta de tantas encomendas, uma vez que nosso processo era 100% caseiro. Então tivemos certeza que teríamos que abrir uma loja para venda dos pães. Foi a decisão mais acertada – revela Ricardo.
Os pães feitos com fermentação natural levam muito mais tempo para serem fabricados, se comparados aos que usam fermento industrializado. Destaque para Sourdough Clássico (R$25) , feito com farinha, água e sal
Sourdough de queijo meia cura com ervas (R$29), feito com queijo meia cura Serra d’Alagoa (ganhou prêmio na França e aqui no Brasil também) com ervas frescas (alecrim e tomilho)
Pão Brød (R$20) (foto) (100% integral com centeio), pão dinamarquês feito
na, farinha de centeio alemão, sementes e cereais. Sem falar no sabor e texturas incomparáveis: a casca fica muito crocante e o interior muito mais macio e saboroso. Todos são preparados com farinhas italianas de altíssima qualidade e orgânica.
No cardápio da casa, o pão estilo sourdough é o carro-chefe, e pedida ideal para abrir os trabalhos. Há desde o Clássico, feito apenas com farinha, água e sal, a opções mais elaboradas como o Meia Cura com Ervas, Gorgonzola com Nozes, 100% Integral com Grãos Germinados, Ciabatta, entre outros. Todos eles passam por uma fermentação longa de 30 horas.
Mariana conta que, com pouco tempo de funcionamento, já é possível descobrir algumas das pedidas que fazem mais sucesso entre os clientes. Como o Croque Monsier, por exemplo, que vem servido com uma fatia de Sourdough, Molho Béchamel, Queijo, Presunto, Mostarda Dijon e Gruyere Gratinado. E o Croque Madame, com uma fatia de Sourdough, Molho Béchamel, Queijo, Presunto, Mostarda Dijon, Gruyere Gratinado e um Ovo Caipira. Ela chama a atenção para mais um diferencial da casa:
- Aqui os clientes podem acompanhar todo o processo de preparo dos pães, desde a produção até as fornadas saindo quentinhas. É uma forma de compartilhar com o público nossas técnicas, nossas experiências e nosso respeito ao alimento.
Para quem quer comer sem pressa, a casa oferece um super café da manhã, com direito a Suco, Café Coado, Cesta de Pães de Fermentação Natural, Manteiga Extra, Geleia Artesanal do Dia, Piccolo Formaggio e uma Fatia de Bolo. Além da Pizza Al Taglio , no sabor do dia, cafés especiais e uma carta de cervejas artesanais.
- O espaço oferece ao cliente a oportunidade de se desconectar do mundo externo e viver uma experiência que eu chamo de sensorial aqui. Com os cheiros, sabores e texturas que nosso cardápio oferece. Criamos um ambiente acolhedor para que ele se sinta em casa, traga os amigos e a família – conta Ricardo.
No aconchegante e intimista espaço, a paleta de cores contrastantes tem um senso harmonioso justamente pelo uso de texturas diferentes, como a madeira e o metalizado que se conectam e se complementam. Logo na entrada, uma vitrine de pães atrai o olhar e dá as boas-vindas ao visitante.
Em contraste à madeira e ao estofado vermelho, as estruturas industriais criam um interessante contraponto visual trazendo modernidade ao décor, tornando o ambiente um verdadeiro convite para ficar.
Dentro são 25 lugares sentados, mais uma área externa com 12 lugares para quem quer degustar as iguarias ao ar livre. Uma equipe de seis funcionários, com reforço aos fins de semana, está sempre a postos para atender o público. Com apenas três meses de funcionamento, a Artesanos Bakery já recebeu propostas de investimento para abrir em outros lugares. Mas o casal acredita que ainda não é o momento:
- Quem empreende sempre pensa em expansão. Mas queremos ir devagar, consolidar a marca e criar um negócio bem redondinho para pensar em futuras expansões – diz Ricardo, que acaba de retornar da Itália.
A parceria com o Moinho Agugiaro & Figna, fabricante da farinha escolhida para produzir os pães e outros produtos de fermentação natural da Artesanos, gerou o convite ao casal para passarem uma semana na Itália para o curso anual de especialização em panificação promovido pelo Moinho.
“Alguns padeiros são selecionados para conhecerem as técnicas italianas de panificação, métodos de preparo e receitas italianas originais. É um curso bem restrito e ficamos muito felizes com o convite”, conta Ricardo.
Ele e Mariana passaram uma semana inteira desenvolvendo receitas de pães, pizzas, ciabattas, focaccias com seus métodos mais clássicos de preparo. Mas a viagem não encerra ao fim do curso. O casal esticou por mais uma semana para desbravar os sabores da Itália, conhecer novas padarias e restaurantes e, é claro, pensar em novas receitas para a Artesanos.
“Aproveitamos essa oportunidade para incrementar nosso lado profissional, mergulhando na cultura da Itália. É uma experiência única para desbravarmos a gastronomia desse país, abrir a cabeça, ter ideias e pensar em criações para futuros pratos que serão lançados na Artesanos”.