Coluna do Bem – Novembro de 2012

Coluna do Bem - novembro de 2012

10 mandamentos para fazer seu filho comer

1. Respeite os horários das refeições

Nem sempre é fácil cumprir o cronograma, é verdade. Mas não há pesquisa sobre alimentação que deixe de ressaltar a importância da rotina para as refeições. A criança deve se alimentar seis vezes por dia (café-da-manhã, lanche, almoço, lanche, jantar e lanche). E quanto mais acostumada com uma rotina, melhor ela irá comer. O problema ocorre quando uma dessas refeições cai bem no momento de uma brincadeira… Aí não há prato que faça seu filho largar o que está fazendo. Nesse caso, seja claro: se não comer naquela hora, terá de esperar pela próxima refeição (mesmo que você tenha de adiantá-la um pouquinho…).

2. Dê o exemplo
Quer uma criança que não faz cara feia para o brócolis? Coma o vegetal com vontade. Não pense que vai criar um filho fã de frutas e verduras se você só come no fast-food.

3. Não faça malabarismos
A criança precisa aprender que comer é importante, e gostoso! Ela precisa experimentar e sentir os sabores dos alimentos. Aviõezinhos, brinquedos e televisão acabam distraindo, realmente, a criança daquilo que ela deveria fazer. Segundo várias pesquisas, esse é um passo grande para a obesidade.

4. Desenvolva o gosto de sentar-se à mesa
Quando a família estiver em casa, aposte em refeições coletivas. Seu filho vai associar a hora de comer à satisfação da convivência com a família. E ainda aprender como se comportar, seguindo seu exemplo, ao usar os talheres, cortar os alimentos etc.

5. Comer = Prazer
A hora da refeição deve ser séria, mas não rígida, ou você transformará a mesa em um verdadeiro campo de guerra. Tudo bem deixar seu filho comer na sala uma vez ou outra. Vale até programar um dia de DVD com jantar na sala… Ah, de vez em quando pode sim!

6. Não transforme guloseimas em prêmio
Sabe aquela famosa frase “Se você comer tudo, ganha sobremesa”? Risque do seu repertório. Falando isso, a criança associa o que está comendo a um sacrifício, e o “prêmio” fica ainda mais apetitoso.

7. Inclua-o na preparação da refeição
Peça a seu filho que ajude a separar os ingredientes, colocá-los dentro da panela, arrumar a mesa etc. Ele vai ficar ansioso para provar as delícias que fez.

8. Um cardápio para todos
Depois que seu filho passar da fase da papinha, pode comer a mesma comida da família, com o tempero da casa. Ofereça sempre que possível “comida que dá em árvore” é sempre mais saudável. Hoje em dia as crianças estão comendo “comida de saquinho, potinho e pacotinho” cheias de aditivos químicos prejudiciais a saúde.

9. Considere a diferença entre lanche e refeição
O café-da-manhã, almoço e jantar são as refeições maiores do dia e não devem ser substituídas por lanches. A não ser em um dia especial.

10. Faça uma horta
Plante tudo que o tamanho de seu quintal permitir ou use vasinhos de tempero. Seu filho vai adorar regar a planta, vê-la crescer, colher e claro, comer tudo!

 

Como ajudar seu filho a comer bem

Ver o filho comer bem é o desejo de boa parte dos pais. Em uma pesquisa sobre o comportamento das crianças na hora das refeições. Foram 22 perguntas na internet, respondidas por 764 pais (70% deles com filhos entre 0 e 4 anos) em apenas uma semana – o que confirma como o assunto faz parte das inquietações familiares. Muitos resultados são animadores: cerca de 57% dizem liberar refrigerante só aos fins de semana e 34% fazem as três refeições com a família todos os dias, por exemplo. O problema aparece quando se trata de comer verduras e legumes – tanto os pais quanto as crianças não levam esse hábito muito a sério. Lógico que as respostas nem sempre refletem o que acontece em casa todo dia (quem nunca teve uma semana corrida e deixou a fruteira vazia?), mas o fato de os pais terem consciência de como as refeições precisam ser feitas já é meio caminho andado.

A sensação de dever cumprido ao ver seu filho comendo é instantânea e faz com que vocês tenham certeza, pelo menos por alguns minutos, de que são os melhores pais do mundo. Quando elas se alimentam direito é sinal de que estão saudáveis, felizes e crescendo! E é por isso que tantas famílias, como a sua, vira e mexe se questionam se estão fazendo a coisa certa. É uma questão de instinto. Talvez por isso os pais se esforcem para criar hábitos saudáveis e fazer da alimentação um momento prazeroso. Ainda que de vez em quando o exemplo não seja o desejado, principalmente quando o assunto são verduras, legumes e frutas, eles sabem o que deve ser feito.

Para começar tudo direitinho, a maioria concorda que é preciso comer à mesa – e 62,1% dos pais que participaram da pesquisa dizem fazer isso. Mais de um terço (38%), porém, faz a refeição em lugares não muito recomendados. Uma parte sai andando pela casa atrás do filho ou dá a comida enquanto ele brinca. Por sorte, é pouca gente (5,5% e 5,2%, respectivamente). Os outros 27,2% seguem um hábito condenado pelos especialistas – deixam a criança comer na frente da TV. Resultado: ela não se concentra na refeição, não distingue os sabores dos alimentos e, como nem percebe a quantidade do que está ingerindo, pode começar a comer compulsivamente e se tornar obesa.

Se você acompanha seu filho na hora da refeição, por exemplo, além de ver como ele está se comportando e quais alimentos ingere, ainda poderá ensiná-lo a comer bem, mostrando como se faz. É isso mesmo: não adianta dizer que brócolis faz bem para a saúde e é gostoso se você não colocá-lo na boca. Apenas 25% dos pais ouvidos na pesquisa comem vegetais, legumes ou frutas três vezes por dia. Cerca de 32% os consomem só uma vez. O número cai para 18% quando falamos das crianças. E, como uma forma de aliviar a culpa e manter as crianças “saudáveis”, as famílias partem para o uso de suplementos alimentares, como as vitaminas. O levantamento de CRESCER mostra um dado alarmante: 47,5% dos pais contam já ter dado suplementos (que precisam de recomendação médica) aos filhos.

Professor de nutrologia do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), José Augusto Taddei confirma que é importante manter rituais, como preparar os alimentos juntos com o filho ou colocar a mesa direito, para estimular os bons hábitos alimentares. “Se a criança participa dessas atividades, fica mais predisposta a comer o que é oferecido.” Assim, se seu filho não aceita verduras de jeito nenhum, tente fazer uma horta em casa, ainda que seja em vasos. Ele vai ver os alimentos crescendo, poderá colhê-los, irá acompanhar o preparo da salada e, muito provavelmente, não reclamará de comer aquilo que ele mesmo fez.

“Porcaritos” à mesa

Dá para manter uma alimentação saudável mesmo com hambúrguer, salsicha e sorvete

Na sua casa, o café da manhã, almoço ou jantar se transformam num ringue de luta? Você brigando para seu filho comer brócolis e ele berrando que quer salsicha? Embates como esse surgem por volta dos 4 anos, quando a criança se torna extremamente seletiva nas preferências alimentares. Só quer comer o que gosta, incluindo as guloseimas que já conhece nessa idade. O jeito é transformar a salsicha numa refeição saudável, acrescentando um tantinho do odiado brócolis num molho vermelho para servir com arroz. Outro é modificar o preparo do alimento: o ovo que não agrada, frito ou cozido, pode entrar na receita de uma torta. Variar o cardápio também ajuda. A criança que só aceita macarrão, por exemplo, pode comê-lo com molho vermelho e hambúrguer assado num dia, com atum e azeitonas no outro, com frango desfiado e palmito num terceiro. “Não há problema com o macarrão. Os asiáticos crescem comendo isso. A questão é compor com outros grupos de alimentos”, lembra o pediatra e nutrólogo Mauro Fisberg.

Prato de criança
Precisa ter um cereal, uma leguminosa, uma proteína, verduras e legumes. Como arroz, feijão, carne, tomate e alface, ou uma sopa com lentilhas, carne, cenoura e espinafre, e variações disso. “É para a criança experimentar, aos poucos, novos alimentos associados às preferências dela”, explica a nutricionista Suzy Graff. Se seu filho costuma aceitar uma fruta de sobremesa, dá para ceder ao pedido de uma guloseima depois do almoço. Ele estará satisfeito e não vai se entupir de doce. Se não é chegado a frutas, controle mais as guloseimas: deixe para um ou outro lanche da tarde ou apenas para o fim de semana.

Sem ditadura
Quando nenhuma negociação funciona, os pais só não podem ser vencidos por choros e birras. “Eles devem respeitar a criança, mas não podem permitir que as preferências dela ditem as normas da casa”, explica Fisberg. É assim no lar de Andrea Kromer. Com dois filhos, Lucas, 8 anos, que come de tudo, e Marcela, 5, que adora leite condensado, hambúrguer, salame, macarrão e pizza e detesta feijão, a mãe procura fazer um almoço que agrade os dois. “Se eles recusam, não dou outra coisa. Ficam sem comer até a próxima refeição.” É preciso mais cuidado com a criança que não come nunca, tem aversão a tudo. Converse com o pediatra para afastar a possibilidade de doenças graves ou problemas emocionais que estejam interferindo no apetite.

Guloseimas adequadas
O nutrólogo Mauro Fisberg orienta os pais a ler o rótulo sempre antes de comprar guloseimas, evitando biscoitos com muito sal, sódio e com excesso de gordura e de corante. É o caso dos confeitos coloridos de chocolates, biscoitos recheados e gelatinas azuis, entre outros. “Tudo isso faz mal à saúde”, alerta Fisberg. Ele recomenda iogurtes, petit-suissés e queijos para crianças que estão largando o leite.
Os derivados lácteos possuem os mesmos nutrientes do leite.


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