Ingerir álcool com remédio?

Matérias - abril de 2019
selmamerenlender@gmail.com

Dra. Selma Merenlender
Reumatologista

árias pessoas desejam saber se podem beber tomando remédios. Mas pior ainda são aqueles que abandonam os remédios para beber.
Para sanarmos esta dúvida, precisamos entender os efeitos do álcool sobre o corpo. Assim que é ingerido, o liquido desce pelo esôfago, já causando uma agressão direta à mucosa do esôfago, da mesma maneira que causa ao passar em outras mucosas, como por exemplo passar álcool na região genital ou nos olhos. Depois, ao chegar ao estômago, lá permanece por um período em torno de 90 minutos, que é o tempo estimado da digestão dos alimentos. No estômago, o dano à mucosa é mais intenso devido ao tempo de permanência, e muitas vezes leva a uma gastrite tóxica aguda, que causa os conhecidos vômitos. Partindo para o intestino, já com uma menor potência, até mesmo pela evaporação do álcool (o famoso bafo de cachaça) segue lesando a mucosa intestinal, onde é absorvido e cai na circulação sanguínea e assim passeia pelo corpo todo. Ao chegar no cérebro causa torpor, tonteiras, sonolência e até coma alcoólico. Passando pelo coração, faz uma intoxicação no músculo cardíaco, deixando-o mais fraco a longo prazo e também aumentando a pressão arterial. Ataca também aos músculos esqueléticos levando a inflamação aguda. Ataca os nervos periféricos, levando a perda de força tanto aguda quanto crônica. E finalmente chega ao fígado, que é um grande laboratório, por onde as substâncias que ingerimos passam para serem metabolizadas, ou

man holding a glass of alcohol and a handful of pills

seja, quebradas para serem eliminadas, sendo que mais de 90 por cento do álcool é inativado pelo fígado e o restante pelo suor e urina. No fígado ele é quebrado em ácido acético(vinagre) e acetaldeído. Então estes pequenos componentes são eliminados pela urina.
As enzimas que quebram o álcool também são responsáveis pela quebra da molécula de diversos medicamentos, e quando elas estão ocupadas quebrando o álcool, os medicamentos podem ficar acumulando no organismo, aumentando o seu efeito. Isto ocorre com os medicamentos calmantes, antidepressivos e na maior parte dos antibióticos acumulando e aumentando os efeitos tóxicos.
Os analgésicos e anti-inflamatórios associados ao álcool podem agravar a gastrite alcoólica e aumentam o risco de úlceras e sangramentos.
Vale o alerta que o álcool não interfere no efeito da pílula anticoncepcional, mas os vômitos podem eliminar a pílula assim como a sonolência pode levar ao risco de esquecer de tomar a pílula e aumentar o risco de gravidez.
Seja feliz! Divirta-se com mais alegria espontânea! E beba com moderação!


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