Sarampo, a epidemia voltou

Matérias - Qualidade de Vida - setembro de 2019

O sarampo é uma infecção viral causada por um Mobilivirus, que faz parte de um grupo de doenças conhecidas como Doenças comuns da Infância, ou também como viroses primaveris. É uma doença altamente infectante, e a transmissão é oral como a gripe. Porém uma vez tendo tido a doença, a imunidade (resistência) fica para o resto da vida.
A vacina contra o sarampo só chegou ao Brasil em 1982 e antes disto era comum que as famílias aproximassem as crianças doentes das saudáveis para que “pegassem” logo a doença. Os sintomas do sarampo são bem típicos, começando por 3 a 4 dias de febre elevada de ate 41 graus, seguido do aparecimento de um vermelhão pelo corpo que começa pela face, e deixa também os olhos vermelhos (conjuntivite), que é acompanhada de uma forte sensibilidade a luz, razão pela qual as vovós costumavam colocar as crianças em quartos escuros, para proteger da luz. Este vermelhão na face e nos olhos dão o aspecto típico que os médicos chamam de Face sarampenta. O vermelhão atinge também o interior da boca, mas deixas manchas brancas do teto da boca, que são as manchas de Koplick, características do Sarampo. O vermelhão leva cerca de uma semana para desaparecer, pode ter um pouco de coceira, porem menos que a coceira do vermelhão da rubéola, e durante os primeiros sete dias os pacientes apresentam intensa prostração e dores no corpo, muitas vezes sem conseguir se alimentar, seguindo então, a desidratação e perda de peso.
O sarampo é uma doença potencialmente mortal, pois pode levar a meningite, cerebrite, Pneumonia viral, e até insuficiência dos rins e do fígado. Em países menos desenvolvidos a taxa de mortalidade infantil pelo sarampo pode chegar ate a 30%, ou seja de cada 100 crianças doentes, até 30 podem morrer pela doença. No Brasil não temos estatísticas da taxa de mortalidade atual da doença, pois em 2015 o Brasil obteve o certificado da Organização Mundial de Saúde como PAÍS LIVRE DO SARAMPO, que foi perdido em 2019 com a entrada da doença pelos imigrantes venezuelanos, que reintroduziram a doença no país. A princípio e epidemia ficou restrita à região de fronteira norte, mas a fluxo migratório internou trouxe a epidemia para a cidade de São Paulo, que responde já por cerca de 90 por cento dos casos de todo o país este ano. Porém, o município fronteiriço de Paraty já tem casos da doença registrados. Em alguns municípios da Baixada Fluminense já existem casos suspeitos da doença, aguardando a confirmação pelo exame de sangue.

A única forma de evitar a doença é a vacina. Em 22 de agosto de 2019 o Governo Federal abriu a vacinação para crianças de 6 meses até um ano, que antes não recebiam a vacina até completar os 12 meses, mas por serem estes bebes os mais susceptíveis as complicações mortais, agora foram incluídos na campanha de vacinação, com o que estão chamando de DOSE ZERO. A dose número UM continua sendo com 12 meses. São necessárias duas doses para ter uma boa cobertura da doença, e eventualmente uma terceira dose de reforço para garantir uma cobertura perto de 100%. A importância é VACINAR A TODOS, para formar uma barreira para aquelas pessoas que não podem tomar a vacina, seja por alergia aos componentes da vacina, como a proteína do ovo, ou aqueles pacientes que estão em uso de quimioterapia para câncer ou outras doenças, e não podem usar vacinas de vírus vivos. Mesmo se você tiver dúvidas se teve ou não a doença, não tem problema tomar a vacina. Mesmo já tendo tomado 3 doses, pode tomar a vacina. Lembre-se que precisamos da barreira dos vacinados para proteger aqueles que não podem tomar a vacina, como os bebês com menos de 6 meses e os doentes imunossuprimidos. Vacine-se! Previna-se!

Dra Selma da Costa Silva Merenlender
CRM 52-484252

dra.selma.reumato@centrofluminense.com.br


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